Relator do mensalão condena 12 réus por
venda de apoio político

Joaquim Barbosa confirmou, em voto, as denúncias contra réus ligados a quatro partidos Julgamento
Relator do mensalão condena 12 réus por venda de apoio político
Ministro revisor iniciou seu voto inocentando Pedro Henry das três acusações. Mas concordou com a condenação de Pedro Corrêa
Publicado em 21/09/2012 | Das agências
O
ministro relator do mensalão, Joaquim Barbosa, concluiu ontem seu voto
pela condenação de 12 réus ligados aos partidos PP, PL (atual PR), PTB e
PMDB – sete deles políticos. Lewandowski, por sua vez, analisou a
conduta de dois réus e votou pela absolvição do deputado federal Pedro
Henry (PP-MT). O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou a 26.ª sessão
do julgamento do processo do mensalão e vai retomar o tema na próxima
segunda-feira com a continuidade do voto do revisor, ministro Ricardo
Lewandowski.
Barbosa concluiu sua análise sobre as condutas de
pessoas ligadas ao PTB e sobre o ex-líder do PMDB José Borba, atual
prefeito de Jandaia do Sul, no Norte do Paraná. Fez ainda uma conclusão
destacando que a tese de “caixa dois” não é suficiente para retirar dos
réus a acusação de corrupção passiva. “Partidos políticos não são
vocacionados ao repasse de grandes somas de dinheiro de um para o outro,
eles competem entre si. Teria que ser muito ingênuo para acolher essa
alegação.” Barbosa disse ainda que “mediante mecanismo de ocultação dos
valores, os réus ficaram livres, livres, para utilizá-los como bem
entendessem, em seu projetos e de seus partidos”. Afirmou também que a
lavagem de dinheiro ajudou no sucesso do esquema.
Partidos da base saem em defesa de Lula
FolhapressSeis presidentes de partidos da base aliada do governo divulgaram ontem uma nota criticando a oposição por analisar a possibilidade pedir ao Ministério Público que investigue o envolvimento do ex-presidente Lula no mensalão. PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB afirmam repudiar os dirigentes do PSDB, DEM e PPS por tentar “comprometer a honra e a dignidade” de Lula.
Na terça-feira, a oposição decidiu esperar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) para cobrar investigações da Procuradoria-Geral da República. A decisão veio depois que a revista Veja publicou reportagem em que atribui ao publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, a revelação de que Lula era o “chefe” do esquema e teria desviado, segundo a revista, R$ 350 milhões.
A nota divulgada pelos partidos da base é assinada pelos presidentes dos partidos Rui Falcão (PT), Eduardo Campos (PSB), Valdir Raupp (PMDB), Renato Rabelo (PC do B), Carlos Lupi (PDT) e Marcos Pereira (PRB). No texto, os partidos acusam DEM, PSDB e PPS de “golpe” para influenciar o julgamento do mensalão pelo STF e “confundir” a opinião pública no processo eleitoral.
O presidente do DEM, José Agripino Maia, e do PSDB, Sérgio Guerra, afirmaram que a ação dos governistas é fruto do “desespero” ao constatarem que vão perder as eleições municipais em várias capitais do país.
Divergência
Lewandowski iniciou seu voto e já manifestou as primeiras
divergências com Barbosa. Ele votou pela absolvição de Henry dos três
crimes. Para o revisor, o Ministério Público não “individualizou” qual
teria sido a atuação do deputado no esquema e a acusação ocorreu apenas
pela função de líder que Henry ocupava na época dos fatos. A
Procuradoria diz que o deputado participou das negociações que levaram
ao repasse de pelo menos R$ 3 milhões do valerioduto para o PP e ao uso
da corretora Bônus Banval para distribuir o dinheiro. Ele é acusado de
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O revisor concordou quanto à condenação de Pedro Corrêa por corrupção
passiva. Disse, porém, que estava votando dessa maneira acompanhando
entendimento “mais abrangente” dado pela corte ao analisar a necessidade
de descrição de que tipo de ato teria sido alvo de corrupção.
Lewandowski absolveu o réu de lavagem de dinheiro por entender que o
recebimento de recurso por meio de um terceiro caracteriza apenas um
“exaurimento” do crime anterior. O revisor disse que não encontrou
provas de que Corrêa tinha conhecimento de origem ilícita do dinheiro e,
portanto, não caracterizaria o crime de lavagem. Ele afirmou que para
fazer isso teria que fazer “ilações”.
Na próxima segunda-feira, o revisor continuará seu voto sobre as
condutas dos políticos. A expectativa é de que somente a partir de
quarta-feira os outros ministros comecem a se manifestar sobre este item
do processo. A data é próxima do dia da eleição, o que preocupa a
cúpula do PT em função do impacto do mensalão no desempenho dos seus
candidatos na eleição de 7 de outubro, já que o próximo núcleo político a
ser julgado é justamente o de três réus petistas.


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